Entenda o que é o conceito de líder coach: a melhor forma de transformar gerentes em líderes capazes de explorar com mais eficiência o potencial dos liderados.
"EU NÃO SEI." Para a maioria das pessoas, essa frase não estaria associada à imagem de um líder experiente e respeitado. Mas para Jaqueline Weigel, coach executiva da Integração Escola de Negócios, mais prudente seria desconfiar da habilidade de liderança de alguém que jamais admite não saber o que sua equipe deve fazer. "O maior equívoco de um líder tradicional é achar que precisa ter todas as respostas. Não precisa e não vai ter", diz ela.
Em vez disso, Jaqueline defende e ajuda a promover um conceito que está ganhando cada vez mais adeptos no mundo corporativo: o de líder coach. Segundo a especialista, trata-se de um líder que utiliza técnicas de coaching para desenvolver, mobilizar e motivar a equipe, compartilhando decisões com os liderados de forma que todos se sintam responsáveis pelos resultados alcançados.
"Por princípio, um coach não diz ao seu cliente (o coachee) o que deve ser feito; ele ajuda o cliente a se entender melhor, fazendo-o descobrir por conta própria, por meio de perguntas e reflexões orientadas, qual o seu perfil, seus talentos e limitações, seus anseios e metas", explica Jaqueline. Da mesma forma, um líder coach se diferencia não por ter respostas prontas, delegar e cobrar tarefas, mas por instigar a equipe a pensar em conjunto – inclusive, encontrando soluções que o líder, sozinho, não encontraria. "Em resumo, um líder coach ajuda os liderados a descobrir onde eles estão hoje, aonde poderiam e querem chegar e como fariam para chegar lá."
Segundo Jaqueline, embora o líder coach não deva usar as técnicas de coaching em 100% do seu tempo – afinal, sempre haverá momentos em que será preciso emitir ordens mais diretas e exercer uma autoridade tradicional –, a mescla das duas abordagens gera resultados muito mais sustentáveis, consolidando no processo não apenas uma equipe de alta performance como uma liderança mais estratégica.
Líder tradicional | Líder coach |
Está à frente da equipe. Exerce a autoridade sem, necessariamente, motivar sua equipe a dar o melhor de si. Espera que os liderados o sirvam. |
Faz parte da equipe. É uma figura inspiradora, um facilitador do desenvolvimento dos demais. Procura saber, constantemente, o que fazer para melhor servir à equipe. |
Tem todas as respostas. Concentra em si todo o processo decisório. Em última instância, é o único responsável pelas ações dos liderados. O potencial do seu time, portanto, está limitado ao seu próprio potencial (conhecimento). |
Faz perguntas. Busca ouvir a opinião da equipe e compartilhar decisões. Ao fazer isso, empodera seus liderados, que se tornam cocriadores – de um processo, de um projeto, de um departamento – alinhados em torno de uma visão comum. |
Gerencia processos. Dá ordens, delega e cobra tarefas. A curto prazo, esta abordagem dá resultados medianos. A longo prazo, a equipe fica desmotivada. Os liderados podem abandonar ou, pior, sabotar o projeto. |
Influencia pessoas. Dedica menos tempo para delegar e cobrar tarefas e mais para ouvir seus liderados, pensar junto, provocar reflexões, expandir a consciência de todos. |
Lidera uma equipe júnior. Sem a sua presença, a equipe não performa: não antevê problemas, não raciocina, não busca melhorias. Afinal, estão acostumados a apenas obedecer. |
Lidera uma equipe de alta performance. É como o maestro de uma orquestra: se cumprir bem o seu papel, cada um dos “músicos” passa a tocar melhor, realizando ao máximo o seu talento. |
É um líder operacional. Está preso a um modelo que lhe rouba tempo, resultando em planos de ação superficiais. |
É um líder estratégico. A criação de uma equipe de alta performance resulta num ciclo virtuoso que libera a agenda do líder para planejamentos mais consistentes. |
Entende do negócio. “Um bom líder não é feito apenas de conhecimento”, diz Jaqueline Weigel. “Muitas pessoas têm conhecimento e experiência, mas apresentam obstáculos de comportamento, como falta de inteligência emocional ou de empatia.” |
Entende de pessoas. Sabe se relacionar, sabe ouvir, sabe identificar os potenciais, as limitações e os desejos de cada liderado. E sabe agir em cima desses bens intangíveis. |
Um "líder servidor" na Hypermarca
O executivo Fernando Marinheiro de Oliveira Jr. comprova a eficácia do modelo de líder coach. Contratado há um ano como diretor comercial da Unidade de Genéricos da Hypermarcas – empresa brasileira com o maior portifólio de marcas de bens de consumo e de farmacêuticos no País –, no início de 2012 ele ficou encarregado de montar uma equipe de gerentes nacionais, regionais e distritais para a sua unidade.
"Trouxemos do mercado profissionais com ampla experiência no segmento de comercialização de genéricos, mas a maioria tinha um histórico mais de relacionamento com clientes do que de gerenciamento de equipes", diz ele. "E sempre existe a preocupação quando temos de promover alguém ao cargo de liderança: e se, ao invés de um bom líder, perdermos um grande vendedor?"
Ciente dos riscos, Oliveira Jr. contratou o workshop de formação em líder coach, ministrado por Jaqueline Weigel. E não ficou surpreso ao ver que os novos gerentes estão reproduzindo e multiplicando os resultados que apresentavam individualmente. "Quando você participa de um segmento que cresce em torno de 35%, comparado ao mesmo período do ano passado, e sua companhia cresce na casa dos 55%, 60% – quase o dobro do mercado – isso me garante que estamos fazendo a coisa certa."
Seu testemunho não é só como observador. Oliveira Jr. fez questão de participar do workshop, onde pôde reforçar convicções que afirma sempre ter tido sobre a natureza de um bom líder.
"Sou um apaixonado por coaching, porque é uma ferramenta excepcional para qualquer profissional que queira ser líder. Fiz parte do workshop porque faço parte do time. Acredito nesse modelo. Acredito em ser um 'líder servidor': se você serve à sua equipe, as pessoas vão lhe servir melhor. É um ciclo virtuoso produtivo que faz com que os resultados apareçam rapidamente."
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