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Hoje ainda fazemos pesquisa consultando um pequeno número de pessoas que têm tempo e disposição de responder as nossas perguntas, quer sejam elas feitas pessoalmente, por telefone ou internet e daí processamos os resultados e os projetamos para o segmento de mercado.

A maneira como vivemos nossa vida mudou muito nos últimos cinco anos. Estamos digitais e em movimento, o tempo todo com o telefone celular e mexemos nele talvez mais de cem vezes em um dia: falar, responder, consultar, enviar mensagem, consultar dados, buscar informação e até ver a hora.

O novo fenômeno que está revolucionando o modo de se fazer pesquisa são as redes sociais.

Tempo valioso que poderíamos estar dedicando a atividades mais saudáveis e úteis estamos despendendo em apagar e bloquear emails indesejados, saber da vida dos outros, considerar a infinita oferta de cursos, serviços e produtos oferecidos pela internet. Claro que nós mesmos contribuímos para esse caos. Também re-encaminhamos as mensagens, vídeos e piadas aos amigos do Facebook, Orkut, Linkedin e tantas outras redes e comunidades de que fazemos parte. Também temos nossos blogs onde fazemos comentários inteligentes e bem humorados sobre os acontecimentos do dia.

Cada pessoa é uma mídia em si mesmo capaz de estender a mensagem a muitos outros. As manifestações convocadas por twitter atraem milhares de pessoas, derrubam governos e difundem idéias em velocidade sem precedentes.

Expomos nossa vida no Facebook, tuitamos cada pensamento ou opinião, colocamos nossos vídeos no YouTube, e “blogamos” nossas idéias. À medida que surfamos na internet deixamos um longo rastro de comportamento online. Isso significa uma enorme quantidade de dados.

A atividade tradicional de pesquisa é baseada em acesso limitado a estreita base de dados. Agora estamos trabalhamos com a realidade de acesso e base de dados massivos.

Há apenas poucos anos estavam em moda os painéis de consumidores que se dispunham a responder pesquisas. Nos EUA, vários desses painéis tinham centenas de milhares de participantes, alguns deles ultrapassavam 5 milhões de consumidores. Isso é muito pouco hoje em dia em que existe mais de 1,2 bilhões de pessoas em redes sociais em todo o mundo. Apenas o Facebook possui mais de 750 milhões de membros metade dos quais o acessa diariamente.

Ao lado do termo etnografia, o método utilizado pela antropologia na coleta de dados, a partir de contato inter-subjetivo entre o antropólogo e o seu objeto, foi criada a expressão netnografia realizada em comunidades online e dedicada a tópicos relevantes do marketing, orientada ao mercado ou a fenômenos sociais.

O acompanhamento de menções às marcas da empresa divulgadas por todas as mídias passou a ser uma necessidade.

Consumidores descontentes com produtos e serviços e que não recebem a atenção necessária postam vídeos formulando sua reclamação diretamente no YouTube e daí conseguem atenção imediata. Enquanto uma conhecida universidade esteve em greve de seus alunos, os grevistas, seus simpatizantes e os antigos alunos criaram mais de mil comunidades a favor ou contra o comportamento dos dirigentes universitários.

Empresas estão criando comunidades baseadas na plataforma do Facebook para difundir idéias, promoções internas, e realizar pesquisa. Essas comunidades podem ser temporárias, por exemplo, apenas uma semana ou terem duração mais ampla e como um ser vivo serem enriquecidas de idéias, comentários.

Uma boa parte da pesquisas é feita diretamente pelas empresas utilizando softwares livres ou muito baratos disponíveis na internet. Pequenas empresas e pesquisadores independentes estão desenvolvendo projetos de grande porte com uso dessas ferramentas.

Empresas de pesquisa que desejam sobreviver devem se adaptar as novas oportunidades.
Administrador Silvio Pires de Paula