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O cenário do Terceiro Setor no Brasil tem caminhado para uma rápida profissionalização da gestão das organizações da sociedade civil, impulsionadas não somente pelo crescimento da economia – que tende a estimular uma maior doação por parte da população – mas também em virtude da nacionalização de grandes ONGs internacionais. Estas, como Oxfam, Save the Children, Visão Mundial e ActionAid, trazem ao Brasil sua experiência de anos de captação de recursos em seus países de origem, investimento na formação de profissionais, de grandes estruturas de trabalho e competindo com organizações já estabelecida pela doação do brasileiro.

O trabalho de captação de recursos em organizações da sociedade civil é, antes de tudo, bastante próximo àquele desenvolvido cotidianamente pelo Administrador. Requer um planejamento e visão estratégica, para que se conheça exatamente a organização na qual está se trabalhando, suas potencialidades, histórico e capacidade de atração. Requer também um orçamento abrangente, que preveja os custos envolvidos não somente no projeto que se quer captar recursos, mas na própria estrutura relacionada a essa captação.
 
A captação de recursos demanda processos claros, com começo, meio e fim. Feito o planejamento, estabelecem-se os prazos, as responsabilidades, as ações a serem realizadas e somente após isso é que efetivamente se dever ir "às ruas" para captar o dinheiro.
 
Captar recursos exige também uma ampla estrutura de comunicação, dando retorno aos doadores do resultado da doação por eles realizada. É um caminho de duas vias – pede-se o recurso e se presta contas do impacto obtido. Quem doa não está, portanto, fazendo caridade, e quem capta tampouco "passa o pires de mão em mão".
 
Existem várias estratégias para a captação de recursos que podem ser implementadas, como a cara-a-cara (pessoa física abordada na rua), grandes empresas, associados, projeto capital, eventos, campanhas, porta-a-porta, etc. Identificar as necessidades da organização e escolher as melhores estratégias, nada mais próximo do trabalho do administrador.
 
Com cerca de 340 mil organizações não-governamentais ativas no momento, segundo pesquisa realizada em 2005 a partir dos registros em cartórios em todo o país, há no Brasil um vasto campo profissional a ser explorado e beneficiado pelo conhecimento dos administradores.
 
Exemplos nacionais de sucesso, como o Instituto Ayrton Senna, AACD, GRAAC, Fundação Gol de Letra e outros, mostram que já tivemos muitos avanços na profissionalização do terceiro setor, superando a velha ideia do trabalho social como caridade. O administrador, com visão generalista e abrangente das organizações, pode e deve atuar fortemente também aí. Essa é a tendência e o caminho para o sucesso do terceiro setor.
 
Por João Paulo A. Vergueiro
 
Mestre em Administração pela FGV-SP