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Ao ler as reflexões ocorridas no II Colóquio Luso-Brasileiro sobre questões curriculares as observações demonstradas pelos pesquisadores é que a temática currículo está no centro das discussões em educação. Perguntas surgiram e que nos fazem pensar muito. O que se deve ensinar? O que se deve aprender? Que tipo de pessoas queremos formar e desenvolver Que sociedade queremos construir?

Ao exercer minha função de Gestor educacional fica pra mim mais um questionamento, o que posso fazer para colaborar no desenvolvimento desta sociedade em que vivemos?

Sacristan nos alerta que o currículo está em toda parte, porque em todos os ambientes escolares ou não escolares identifica-se com facilidade a atividade de ensinar. Ele também afirma que as práticas e palavras têm sua história e refletem atividades que podem projetar-se em ações e pensamentos, para dar sentido à experiência. Para ele o conceito de currículo é bastante vasto, mas ao mesmo tempo ele considera que é uma riqueza porque se está em fase de ser construído conceitualmente, oferece perspectivas diferentes sobre a realidade do ensino.
 
Desde os anos 60, o currículo, como campo de estudo teórico, foi atingido por sérias críticas que tiveram como resultado domínio político. Antes o currículo era apenas visto como elemento neutro e passou a ser visto como a representação cultural, gerador de cultura. Há muitos autores que foram fundamentais para um novo pensar em relação ao currículo: Paulo Freire, Louis Althusser, Pierre Bordieu, Michael Young e outros. Outros críticos surgiram:
 
Michael Apple, Giroux e outros. O que se observou é que o campo da teoria curricular não parou de se movimentar. Mexeu com os movimentos sociais das chamadas minorias sociais, com a discriminação.
 
Goodson apresenta o conceito de currículo como conjunto de pressupostos de partidas, metas que se desejam alcançar e de como alcançar. É o conjunto de conhecimento, habilidades, atitudes. É todo o conjunto de ação desenvolvida pela escola no sentido de oportunidades de aprendizagem. Principalmente é preparar os alunos para mudanças sociais e estimular a responsabilidade para leitura da sociedade.
 
O aprendizado se faz presente ao observar essas perspectivas apresentadas sobre currículo, pois sua importância é a grande transformação na educação. É comum os pesquisadores ficarem assustados quando se veem frente ao novo pensar e a Interdisciplinaridade é uma proposta de um rever atitudes e posturas para melhorar a Educação nas escolas de todos os níveis.
 
O campo da teoria curricular é, sem dúvida, um campo aberto ao desenvolvimento. Por esse motivo é sempre tão importante unir pesquisadores para traçar a história do conhecimento curricular e nessa perspectiva enumero também a importância da Interdisciplinaridade mencionada por Fazenda.
 
O texto de Fazenda: Contribuições das pesquisas sobre Interdisciplinaridade no Brasil: O reconhecimento de um percurso nos alerta para alguns aspectos fundamentais. Entre eles que a pesquisa interdisciplinar serve-se da forma de investigação por compreender que esta é uma das formas que nos permite investigar as atitudes subjacentes às inquietações e incertezas dos diferentes aspectos do conhecimento. Ela se dedicou, juntamente com seus pesquisadores, no período de 6 anos de pesquisas, (1986-1991), na busca do significado do que seria competência interdisciplinar. Resultaram em processo de auto-análise, investigação da origem de formatação teórica e a partir dele, conquistou-se a possibilidade de construção conceitual autônoma.
 
Houve observação nas salas de aula, entrevista com professores, estímulo a sua percepção, recorrência à memória e verificou-se que a aquisição de uma atitude interdisciplinar evidencia-se não apenas na forma como ela é exercida, mas na intensidade das buscas que empreendemos enquanto nos formamos, nas dúvidas que adquirimos e na contribuição delas para nosso projeto de existência.
 
Um professor competente, quando submetido a um trabalho com memória, recupera a origem de seu projeto de vida, fortalece a busca de sua identidade pessoal e profissional. Foram focalizados nos estudos quatro diferentes tipos de competência exercida:
 
1 - competência intuitiva - Própria de um sujeito que vê além de seu tempo e espaço. O professor intuitivo não se contenta em executar o planejamento elaborado, busca sempre novas e diferenciadas alternativas para o seu trabalho. Sua característica principal é o comprometimento com um trabalho de qualidade. O professor que pesquisa é aquele que pergunta sempre, que incita seus alunos a perguntarem e duvidarem.
 
2 - competência intelectiva - A capacidade de refletir é tão forte e presente nele, que imprime esse hábito naturalmente a seus alunos. Analítico por excelência, privilegia todas as atividades que procuram desenvolver o pensamento reflexivo. Ele ajuda a organizar ideias, classificá-las, defini-las.
 
3 - competência prática - A organização espaço/temporal é seu melhor atributo. Tudo ocorre conforme o planejado.
 
4 - competência emocional - Uma outra espécie de equilíbrio é constatado no emocionalmente competente; uma competência de "leitura de alma". Ele trabalha o conhecimento sempre a partir do autoconhecimento.
 
Os dados coletados nessa pesquisa ainda permanecem válidos e continuamente são revisitados para elucidar melhor o conceito de competência. Em cada uma dessas revisitas amplia-se a leitura do conceito de competência. Ao ampliar o conceito, amplia-se o olhar e um olhar ampliado sugere ações mais livres, arrojadas, comprometidas e competentes. O aprendiz-pesquisador aprende com sua própria experiência, pesquisando.
 
Espero poder colaborar no desenvolvimento desta sociedade em que vivo e para isso busco parcerias com todos os envolvidos para poder exercer com responsabilidade e comprometimento o meu caminho como Gestor Educacional.
 
A Gestão Educacional é um processo político-administrativo contextualizado e historicamente situado. A prática social da Educação é organizada, orientada e viabilizada. Há uma ligação muito forte entre as Gestões de sistemas de ensino e as políticas de Educação. A Gestão transforma metas e objetivos educacionais em ação, o que concretiza as direções traçadas pelas políticas. Segundo Bordignon e Gracindo (apud Hora 2010, p.567) a Gestão Educacional requer enfoques de melhores decisões a respeito dos rumos a seguir e se fundamenta na finalidade da Instituição e em seus limites da situação atual. É necessário visualizar presente e futuro com identificação de valores, surpresas, incertezas e as ações de todos envolvidos, o que gerará participação, corresponsabilidade e compromisso. O diálogo é a marca de todo o processo e por ser ele também uma das categorias fundamentais da Interdisciplinaridade, sinto ter nesse momento uma linha muito determinante entre ela e a Gestão Educacional.
 
Por: Jerley Pereira da Silva
 
Mestrando do Programa de Educação:Currículo- PUC/SP. Pós-Graduado em Gestão de Pessoas para Negócios e Consultoria Empresarial. Bacharel em Administração. Pesquisador dos grupos FIQUE (Física Quântica e Espiritualidade-Grupo de Estudos e Pesquisa - UniÍtalo), GEPI (Grupo de Estudos e Pesquisas em Interdisciplinaridade) e INTERESPE (Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Interdisciplinaridade e Espiritualidade na Educação- PUC/SP). Gestor Educacional dos Cursos de Pós- Graduação nas Áreas de Negócios, Saúde e Educação-Centro Universitário Ítalo Brasileiro)