As notícias não são nada animadoras para aqueles que habitualmente não pagam o total da fatura de seus cartões de crédito. Embora a taxa SELIC (que é considerada a taxa básica de juros da economia) esteja em declínio, os juros cobrados pela utilização do crédito rotativo dos cartões de crédito tem subido.
De acordo com a recente pesquisa divulgada pela associação de defesa de consumidores Proteste, os juros anuais tiveram uma média de 12,77% ao mês, o que corresponde a 323,14% no período de um ano.
Isso quer dizer que quem não faz o pagamento integral da sua fatura do cartão de crédito terá que arcar com uma taxa de juros altíssima, colaborando para o lucro elevado das administradoras de cartão.
Entretanto o problema é muito mais amplo que isso. Infelizmente boa parte das famílias brasileiras não tem o costume de adotar um orçamento que controle as suas receitas e, principalmente, suas despesas, fazendo com que seus gastos sejam feitos de forma descontrolada.
Os gastos descontrolados geram endividamento que muitas vezes poderia ser evitado, ou seja, pela simples falta de controle das nossas finanças pessoais acabamos utilizando o limite do cheque especial ou pagando de forma parcial a fatura do cartão de crédito. E a cada vez que pagamos juros para uma instituição financeira ou administradora de cartão de crédito, deixamos de formar a nossa própria riqueza.
Para compreender esta idéia da formação da nossa própria riqueza, vamos pensar na seguinte situação hipotética (mas que é bem próxima da realidade de boa parte da população brasileira): uma determinada família paga anualmente a importância de R$ 2.000,00 a título de juros do cheque especial e do seu cartão de crédito (uma média de R$ 166,00 por mês). Se este montante foi pago aos bancos e cartões de crédito, ele serviu para formar a riqueza destas empresas, contribuindo assim para a formação do seu lucro.
Por outro lado, se ao invés de pagar juros esta família adotar um orçamento mensal e controlá-lo de forma eficaz, estes R$ 2.000,00 por ano passarão a servir para a formação de poupança e para o consumo consciente. Agora imagine só este valor anual corrigido monetariamente por um período de 5, 10, 20 ou 30 anos!!
Os juros compostos, que "magicamente" se encarregam de fazer com que esta poupança cresça ao longo do tempo, são exatamente os mesmos que fazem as nossas dívidas crescerem de forma exponencial quando não quitamos os nossos compromissos financeiros integralmente. Esta é a chamada "bola de neve", que devemos fugir a qualquer custo, sob pena de sermos atropelados.
A boa notícia é que com boa vontade, disciplina e um pouco de organização o controle do orçamento familiar é algo muito fácil e que proporciona um resultado bastante satisfatório logo no primeiro mês de sua utilização.
Com a adoção do orçamento familiar podemos facilmente identificar eventuais desperdícios de dinheiro e gastos que estão sendo feitos sem nenhum controle. O passo seguinte é controlar o orçamento para que os gastos mensais não fujam do que foi previamente estabelecido. Por fim, paralelo ao controle, a família deverá poupar os recursos excedentes para constituir a sua poupança, que poderá ser utilizada para a realização dos sonhos desta família (como trocar de carro, fazer uma viagem ao exterior ou mudar para uma casa mais espaçosa).
Tudo é possível, desde que haja comprometimento e envolvimento de todos. Basta planejar e poupar para que o sonho possa ser realizado. Entretanto, sem a adoção de um orçamento, nada disso poderá ser feito.
É impressionante a quantidade de famílias que estão absolutamente endividadas em nosso país.
Precisamos mudar este cenário rapidamente, educando os brasileiros no sentido de fazer um melhor controle das suas finanças pessoais e familiares e alertando sobre a importância e os benefícios que a poupança de recursos traz para todos a longo prazo, inclusive para o Brasil.
Por: Prof. Carlos Afonso
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